Aquela noite começou em uma festa de alguém que eu não conhecia muito bem. Um amigo tinha me implorado para acompanhá-lo porque não queria ir sozinho. Aquelas festas que é aniversário de alguém, e você só conhece o aniversariante. Pois eu só conhecia alguém que conhecia o aniversariante. Foi uma festa básica. Divertida, mas básica. Então não vem ao caso eu descrever as músicas, a decoração, os personagens da noite. Foi tudo muito básico.
E como toda festa básica, tinha muita bebida envolvida. Levei um fardo de cerveja e bebi o dobro do valor em tequila. Achei uma boa troca. Então, lá pelas três da manhã, já trocando as pernas e falando enrolado, eu e meu amigo resolvemos que não dava mais para a noite ser básica.
A rua estava calma, e nos despedimos da casa da festa para andar sem rumo. Meu amigo falava bastante alto, e eu tive um pouco de vergonha por ele, só que eu provavelmente falava bastante alto também. Andávamos de mãos dadas, e certa hora começamos a cantar Tribalistas, confundindo as letras. Eu tinha menos vergonha de cantar alto do que de falar alto. Vai entender… Meu amigo revelou que tinha escapado da festa com uma garrafa meio-cheia de catuaba, me fazendo rir e nos fazendo sentar um pouco na calçada suja para tomar alguns goles. Olhamos para o céu e lamentamos que nessa cidade não se consegue ver muitas estrelas. Eu tive que mijar em uma árvore, e tenho quase certeza que alguém de uma casa próxima espiava pela janela. Também tenho quase certeza que quem espiava pela janela também fazia xixi, então estava tudo bem.
No meio de tudo isso paramos na frente de uma casa que parecia vazia. Não tinham carros na garagem, e estava tudo escuro e silencioso. Meu amigo me olhou, travesso. Aquele portão não era muito alto. Sorrimos um para o outro. Não tinha ninguém na casa. Demos risada. Estávamos muito bêbados.
A noite não precisava mais ser básica. E não foi. Passou a ser uma noite de fazer algo pela primeira vez.
, Sam Terri