Ela gostava de mandar, ele gostava de obedecer. Só que no começo do relacionamento ninguém assumia.
Ela falava: “Meu amor, pega um copo d’água para mim, por favor”; ao que ele respondia: “Folgada… Vou pegar só desta vez”.
Ambos achavam que o outro era ruim na cama.
“Ele não faz nada que eu gosto”
“Você pede o que você quer?”
“Ela não toma atitude, fica parada lá e eu tenho que fazer tudo.”
“Você pede o que você quer?”
Reclamavam sempre, mas nunca um com outro.
Acontece que um dia, naquele marasmo sexual de sempre, ela começou a, enfim, sentir alguma coisa. Preparou-se para gritar de prazer, mas ele interrompeu. Ela, desacreditada, não conseguiu ficar quieta. E o que falou surgiu com a carga de todas as frustrações acumuladas, inconscientes. Gritou:
“Volta agora e termina o que você começou, seu verme apático!”
Em seguida se calou, estampou choque e pena no rosto e se preparou para pedir muitas desculpas, até que percebeu o sorriso de canto de boca que se formou no rosto dele.
Depois deste dia passou a ser “Me busque um copo d’água. Você é desprezível”, seguido por “Sim, minha ama. Sou tão desprezível que nem mereço seu desprezo”
E ninguém mais reclamou do sexo.
, Sam Terri